Então, dando um salto de vinte anos, e sobre o Oceano Atlântico, temos a Segunda Guerra Mundial, e o êxodo de muitos analistas da Alemanha e da Áustria para a Inglaterra, Grã-Bretanha, Canadá e Estados Unidos. Aliás, a respeito disso, havia um psicanalista de Boston, em 1943, predizendo, baseado em uma avaliação sobre a personalidade de Hitler, que, quando as coisas fossem mal, ele cometeria suicídio, o que de fato ocorreu. Então, o interesse no entendimento dinâmico das pessoas, nos processos psíquicos humanos, tornou-se enorme. Com a volta dos veteranos da Segunda Guerra Mundial, surgiu uma enorme demanda para a Psicoterapia Dinâmica. Naturalmente, os Estados Unidos estavam despreparados para isso, aliás, nenhum país estava preparado, fossem os Estados Unidos, ou o Canadá ou a Grã-Bretanha, havia poucos indivíduos bem treinados, e a demanda era enorme. Assim, a maneira da tratar essa enorme demanda era colocar as pessoas em listas de espera. Muitos dos Ambulatórios Psiquiátricos dos Estados Unidos tinham lista de espera de duração de um ou dois anos. Também, as pessoas que queriam fazer análise para seu treinamento estavam em longas filas de espera, eu próprio tive que esperar dois anos e meio pelo meu analista didata. Penso que esse era o caso em qualquer outro lugar. A existência dessas longas filas de espera propiciou que um professor inglês de Psicologia, Eysenck, escrevesse que a melhor maneira da tratar com Psicoterapia era pôr as pessoas em listas de espera, e assim as pessoas ficariam melhores, sem qualquer outro esforço ou intervenção. Além disso, ele disse que não havia nenhuma evidência de que essa forma de tratamento psicoterápico funcionasse e, em terceiro lugar, afirmou que não havia uma única publicação que relatasse resultados benéficos da Psicoterapia fundamentada em uma pesquisa de fundamentos científicos sólidos. Claro que nós sabemos que, no segundo ponto, Eysenck estava errado, porque muitas pessoas se beneficiam com o tratamento psicoterápico, mas sua terceira afirmação era correta, ao apontar que não havia uma única publicação fundamentada em pesquisa sólida sobre os benefícios da psicoterapia; muitas das publicações relatando bons resultados eram apenas relatos de casos.