Bem, o que aconteceu na década de setenta? Obviamente, a despeito desse estudo que, de certa maneira fico orgulhoso em dizer, é o primeiro estudo controlado de psicoterapia que se realizou, e o único que conheço, a despeito disso, necessitávamos de uma maneira mais convincente de apresentar nosso trabalho e nossos resultados, alguma coisa sobre a qualquer não se pudessem lançar dúvidas. Precisávamos de algo documentado, além dos observadores independentes e tudo o mais. Afortunadamente, tivemos o advento do videoteipe. Os aparelhos, ao fim da década de sessenta e em começos de setenta, eram realmente um trambolho, umas monstruosidades de carretel a carretel, com uma polegada de largura. Mas, mesmo assim, podíamos enfim mostrar o que fazemos. O nosso é um tratamento a curto prazo, três ou quatro ou cinco meses, uma vez por semana, e então, naturalmente, se podem mostrar a entrevista de avaliação e todas essas entrevistas de Psicoterapia, dez ou quinze ou vinte entrevistas, para quem estiver interessado, pessoas em treinamento e outras. Podem ver, então, exatamente, o que tenha sido feito sessão após sessão, e, o que é o mais importante, podem ver como estão os pacientes, ao fim do tratamento, e em entrevistas de follow-up. As pessoas não precisam acreditar no que dizemos, mas podem avaliar por si mesmas as modificações ocorridas.

Videoteipe é o nosso Microscópio, o tipo de coisa que nunca tínhamos tido. Lembro os tempos de Escola de Medicina, quando o assunto se encaminhava para o campo da Psiquiatria, havia um certo tipo de sorrisos, como se fosse "Ah... vocês sabem, essa é um tipo de especialidade médica de segunda categoria". Não somos mais uma especialidade de segunda categoria, agora temos o nosso próprio microscópio, como vocês vão ver aqui, quando eu mostrar para vocês algumas das nossas fitas. Vocês verão como nós fazemos para avaliar nossos pacientes, podem ver tudo o que quiserem, podem examinar nossa técnica. Naturalmente, se vemos alguém duas ou três vezes por semana, durante cinco anos, seria diferente, quase um procedimento monumental e muito difícil.

Por outro lado, não há mais justificativa, de qualquer maneira, para um tipo de afirmativa que eu ouvi tantas vezes: "Psicoterapia leva tanto tempo porque é preciso um longo período para que a mente humana se modifique". Ora, isso é um insulto para a mente humana, há algumas mentes humanas que necessitam um longo período de tempo para se modificarem, como todos sabemos, pessoas mais doentes e temos que apoiá-las e cuidar delas. Todavia, isso não quer dizer que todas as pessoas são assim. Porque um terapeuta individual decide que ele tem que ver um paciente por quatro ou cinco anos, não quer dizer que isso seja exatamente o procedimento mais conveniente para o paciente. Há uma tendência a pôr todas as pessoas embaixo desse mesmo guarda-chuva, pensar que todos os tratamentos devem levar muitos anos.

Foram organizados também dois simpósios em Montreal, um em 1975 e um em 1976. Houve outro Simpósio em 1977 em Los Angeles, todos com a apresentação de entrevistas em videoteipe, houve muitos debates e muito entusiasmo. Os aparelhos de videoteipe ficaram menores, vieram os cassetes e eles ficaram ainda menores. Sem dúvida, temos agora um instrumento que é muito bom. Como resultado, muitas pessoas atualmente usam videoteipe, começaram a aparecer publicações, livros e hoje temos uma enorme quantidade de literatura a propósito de Psicoterapia a Curto Prazo, com muitos livros muito bons.

Lamento que eu tenha falado tanto sobre mim mesmo, mas esse assunto faz parte da minha própria experiência e penso que mostrar a vocês, historicamente, um pouco a respeito do desenvolvimento de psicoterapia possa ser útil.