Há duas semanas, quando ele rompeu comigo, eu fiquei e continuo apavorada, com medo dele, com medo de que ele fique com ódio de mim; aliás, já no começo do namoro, eu chorava escondido de noite, com medo de que ele me deixasse, com a certeza de que ele ia me deixar – como se eu fosse um lixo, que sem ele eu não valesse nada. Pensando na minha vida ao longo desse ano, eu vejo sempre esse pavor, um medo constante, minha personalidade esmagada.

 

Em tudo isso, fazia uns dois anos que eu estava sem medicação. Devia ter me medicado, tomar de novo o citalopram que tinha me feito tão bem; esqueci que eu tinha tido aquela depressão durante tantos anos, até consultar com você e você fazer o tratamento correto. Parece algo louco, absurdo, contra mim, na minha cabeça, não ir consultar de novo com você ou pelo menos tomar o antidepressivo. Eu tinha me sentido tão bem com o citalopram e parei sem nenhum motivo importante, parei só para não ficar tomando remédio, umas pessoas tolas dizendo para eu não tomar e eu tolamente indo pela cabeça delas.

 

Ai! eu sei que é a depressão fazendo a festa na minha cabeça, por isso quero sair disso logo, recomecei ontem, logo depois da consulta. Quero ver logo a medicação fazendo efeito; enquanto isso tudo o que eu escrevo, tudo o que eu disse ontem na consulta parece muito limitado, comprometido, mas já estou me sentindo melhor, desde a consulta com você de novo, acho que também com o remédio.